quinta-feira, outubro 12, 2006

Nova Rubrica: Les toilletes des etoiles!!


Dou hoje início a uma nova rúbrica, designada "Les Toilletes de Etoiles". Eh lá, dizem vocês, roídos de inveja pelas minhas capacidades poliglotas (poliglotes em francês), o que quer ele dizer com isto? E eu na minha infinita comiseração respondo: Les Toilletes des Etoiles quer, tão pura e simplesmente, dizer "As Casas de Banho das Estrelas". Mas voltam vocês a perguntar, "ok, já tinhamos percebido à primeira, mas o que quer ele, dizer com isto?".

Ora bem, por outras palavras, vou começar hoje a publicação e análise da literatura de Casa de Banho que prolifera na nossa cidade. Estes brilhantes artistas anónimos, tantas vezes olhados de soslaio pela nossa conservadora sociedade, constituem hoje em dia uma verdadeira lufada de ar fresco (passe a ironia) no panorama literário luso. Quem mais senão eles se adaptam ás palavras de Louis Aragon, escritor francês do século passado, quando disse que "A literatura é um assunto sério para um país, pois é afinal de contas o seu rosto"? Hã?

São este escritores solitários (gosto de pensar que sim!) que, enfiados no seu/nosso cubicúlo mictório, muitas vezes em condições degradantes, rodeados de odores muito pouco sui generis, dão asas aos seus meticulosos processos geradores de cultura. Mas melhor definição para os processos criativo em causa, encontrou Blaise Cendrars na sua obra "O Homem Destruído" onde a páginas tantas se sai com esta: "Escrever é uma percepção do espírito. É um trabalho ingrato que leva à solidão". Ao lermos estas palavras depressa chegamos a duas conclusões, Blaise Cendrars era ele também um escritor de casa de Banho e um onanista em potência.

Mas passemos então à análise da pérola que hoje vos trago. E mais uma vez gostava de partilhar convosco mais uma citação, para dar o mote: "Há pensamentos que são orações. Há momentos nos quais, seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos". Bonito não? O autor destas palavras é Victor Hugo que, julgo eu, dispensa apresentações, e que ainda hoje permanece como suma referência de todos os trovadores micto-defecantes. Pelo menos para o autor, do pequeno mas intenso texto que analisamos agora, é concerteza!

Voltando à dissecação da pérola e mais em concreto do intento do autor: terão sido estas palavras escritas antes ou depois da execução das suas necessidades fisiológicas? Se o foram antes, pedia-se aqui a intervenção divina para uma realização que o próprio adivinhava difícil. Mas analisando o contexto temporal em que, supostamente, este pequeno texto foi redigido (Feira De Setembro), somos levados a pensar exactamente o contrário. Estas palavras foram escritas depois do autor, já deveras ébrio, ter concluído o que quer que fosse que o levou até ali. São palavras que surgem num acto de prosquinesis espiritual, com um erguer de braços em direcção aos céus, para que passados os momentos difíceis, a dupla que o autor acredita ter tido intervenção na chegada a bom porto do acto evacuante, saiba o reconhecimento e afecto que este prostrado paladino da fé nutre por Eles.

"Si", se é este o teu verdadeiro nome ou porventura um qualquer pseudónimo, espero que este pequeno texto tenha feito justiça à tua magnânime capacidade literária. És uma Etoile no Toillete!

Sem dúvida um autor a reter (salvo seja)!