sexta-feira, julho 28, 2006

A minha Festa...


Ao contrário da generalidade dos mourenses, a festa anual em honra de N. Sra. do Carmo, é para mim um supremo martírio que começa na Quinta, tem o seu auge no Sábado à noite e o desejado final na Segunda.

Para além da malária (que não sei se já disse, me tolda o raciocínio) trouxe também, outras “recordações” da guerra em África. Não me refiro aqui ás fotografias que enviava durante o período natalício para a metrópole, com as indígenas em tronco nu e o desejo de boas festas e um próspero ano Novo inscritos, respectivamente, no seio direito e esquerdo, na vertical e em letra maiúscula. Não. Isso todos os ex-combatentes trouxeram. Excepto talvez o cabo Martins que preferia mandar os mesmos votos, inscritos numa determinada parte do corpo de um autóctone, despido da cintura para baixo… Mas já estou a embarcar em fait-divers que não interessam ao assunto e que para além do mais são muito pouco másculos.

Dizia eu que a festa é para mim uma agonia, e isso deve-se ao stress traumático que adquiri no ultramar e ao fogo de artifício, que o despoleta. Já tentei de tudo, desde tampões para os ouvidos, até fechar-me no carro com a música no máximo a ouvir os Morbid Death. Mas apenas consegui, no primeiro caso, acordar na manhã seguinte com o cerume a escorrer-me pela orelha abaixo devido a uma alergia, e no segundo, descobrir que sofria danos irreversíveis a nível do ouvido interno, para além de uma indominável vontade de dedicar o resto dos meus dias a sacrificar virgens inocentes em honra de Satanás. Neste último caso e após muitos anos de terapia, consegui retirar o “Satanás” da frase anterior e transformar “sacrificar” num eufemismo…

Possa, já me perdi outra vez com devaneio de cariz, mais ou menos, sexual. Mas serviu para reabilitar a minha masculinidade depois da infeliz piada sobre o “instrumento” do Muhetombo, também conhecido como o Manilha de 20".

Continuando e tentando não os maçar demais com colateralidades, vulgares banalidades, quiçá trivialidades inúteis, passe a redundância, avanço já directamente para o busílis da questão, se é que isto ainda vos interessa e não desistiram ainda de me ler com uma irritação enorme. Juro que tentarei abolir da minha escrita daqui para a frente, todo e qualquer estilo que vos faça recordar o Sr. Vereador Cordovil.

No Sábado da festa o terror instala-se e tenho por norma, depois das infelizes experiências que partilhei convosco, abandonar o concelho e ir para o mais longe possível. Mas este ano, malas feitas e depósito de combustível atestado, quarto reservado em Cabeceira de Basto, aparece-me um antigo colega da escola industrial, que eu não via desde a minha mocidade, quando tirava o curso de torneiro mecânico. Conversa puxa conversa e resolvemos ir beber um copo. Resultado, quando olho para o relógio são já 23:55 e eu completamente enfrascado. Com os passos embargados pelo álcool, tento dirigir-me do “Colmeia” (passe a publicidade) para a minha viatura, que se encontrava estacionada junto ao edifício dos quartéis. Ainda pensei que, com os habituais atrasos no início do famigerado espectáculo piro-musical, me safava desta, mas quando disse ali atrás que tinha os “passos embargados”, isso foi sinónimo de quase paralítico, pois quando se iniciou o bombardeamento (cerca das 00:30), ainda estava na rua da República, ou seja percorri 150m em 35 minutos. Obikwelu rói-te de inveja!

E assim se armou a tourada. Com os primeiros rebentamentos fiquei fora de mim, entrincheirei-me junto ao marco dos correios, aos gritos de que “Vinham aí os turras”, que o “posto de comando ia ser tomado” e para que “DEIXEM JOGAR O MANTORRAS”. Ao mesmo tempo tentava atingir a Dra. Kika, o Beira-Mar e alguns jogadores do MAC, com copos de cerveja vazios, arremessando-os como se fossem mortíferas granadas. Claro que fui prontamente manietado por alguns concidadãos meus conhecidos, que prontamente chamaram o 112. Aqui, desde já, gostaria de lhes deixar publicamente expressos os meus sinceros agradecimentos por me terem arruinado o fim de festa. Logo eu que sou o fã número um do Toy (com banda).

Convencidos agora de que quando disse no início, que não era como os outros mourenses, não faltava à verdade? Mais alguém em Moura é assim como eu? Não pois não? Silvestre Raposo, estou contigo!

PS - Este texto era suposto ter sido publicado na terça feira a seguir à festa. Felizmente para vocês, estive este tempo todo sem acesso à internet.

PS1 - Digo somente "felizmente para vocês", e não "felizmente para vocês que fazem o esforço de me vir ler", porque é uma redundância muito parva. Porque se lerem "felizmente para vocês" isso é já sinal suficiente que me estão, de facto, a ler.

PS2 - Mau, lá estou eu como o Sr. Vereador Cordovil outra vez...

sábado, julho 15, 2006

Moura...


O "Moura..." (Aka: Moura reticências), não deve ser muito diferente de todos os outros blogs que por aí pululam (aqui está uma bela palavra para obrigar o Fernando Seara a repetir até à exaustão ou pelo menos até desistir de ser autarca). Ou seja o seu autor (eu próprio) a certa altura da sua vida viu-se com imenso tempo livre entre mãos e pensou para com os seus botões: "Escuta lá, mas porque é que não fazes como todos os inúteis e também crias um blog?"

Tomada a decisão faltava um título. Era a parte mais difícil e levou pelo menos três dias a ser resolvido. Passo então a contar o interessante processo de selecção de um nome para isto:

no primeiro dia ocorreu-me baptiza-lo como "Pasquim Patada", mas qual não foi o meu espanto quando vi que já tinha sido escolhido por alguém.

No segundo dia pensei em "Moura Viva". Ora aí estava um belo e original nome e que de certeza ainda ninguém tinha utilizado! Partilhei, orgulhoso, este meu belo intento com alguns amigos, também eles com imenso tempo livre, e qual não é o meu espanto quando me dizem que também já existia um blog com esse nome. Mau, pensei eu, tu queres ver que os meus amigos nunca mais arranjam emprego?

No terceiro dia já começava a desanimar e a pensar seriamente em desistir da ideia quando me lembrei de "AgitMoura", que melhor nome serviria os objectivos a que me tinha proposto do que esse? Mas pensando melhor que raio quererá dizer "AgitMoura"? E quais são os meus propósitos? Diz que entretanto também já havia um blog com esse nome. Que se lixe! Ficará "Moura qualquer coisa"!

Mas isto era muito pouco agradável esteticamente, para além de ser um pouco longo. As reticências a seguir ao "Moura" surgem assim mais como resultado da inaptidão do autor., do que propriamente de algo premeditado. Desenganem-se por isso os intelectuais que as reticências não foram nenhum golpe de génio tendo em vista a construção de um espaço aberto a qualquer tema sobre Moura. Isto aqui é tudo menos um espaço democrático! Quem escolhe os temas sou eu, consoante as minhas ideias e vontades. Estas são um pouco confusas e turvas é verdade. Não porque aqui se vá tratar temas ilicitos ou polémicos, mas sim devido à malária que contraí no Ultramar, que volta e meia me tolda o raciocínio. Aliás este texto foi escrito durante uma crise. Nota-se, não se nota?

A imagem que ilustra o post chama-se Faun und nixe e foi pintada por um senhor alemão de seu nome Franz von Stuck, e representa um fauno também conhecido como sátiro. De salientar que o autor deste blog é em tudo semelhante ao garboso indivíduo representado, sendo inclusive seu hábito andar com uma senhora em tronco nu às cavalitas, agarrada aos seus chifres. Embora eu pessoalmente goste delas com os seios mais fartos, já dá para ficarem com uma ideia sobre mim.